Autora: Dra. Gisele Vieira

Vamos falar sobre alimentação

Descasque mais, desembale menos: que seu alimento seja seu medicamento e seu medicamento seja seu alimento!

A Nutrição e a Oncologia buscam diariamente a relação entre estilo de vida e alimentação na ocorrência de câncer. A desnutrição pode reduzir a resposta ao tratamento e piorar a qualidade de vida. A alimentação equilibrada e o manejo dos sintomas durante o tratamento minimizam ou impedem a perda de massa muscular.

Mantenha seu peso saudável: A obesidade é fator de risco para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer. O alto índice de gordura corporal e baixa massa magra podem resultar em complicações, toxicidade da quimioterapia, piora física, fadiga e risco de novas recorrências de células tumorais.

A obesidade também está associada ao risco aumentado de câncer de mama. Consuma grãos integrais, vegetais, frutas e leguminosas. Inclua diariamente cereais integrais (arroz, aveia), vegetais (verduras e legumes), frutas e leguminosas (feijão, lentilhas, ervilha, grão-de-bico). Acredita-se que o consumo total de 400 g ao dia destes grupos de alimentos, seja o ideal.

Controle o consumo de carne vermelha, embutidos e leite. O consumo elevado de leite pode aumentar o risco de câncer de mama. Ainda não existe um consenso sobre quantidade ideal de consumo seguro, mas o consumo reduzido e não diário é o mais indicado. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) classifica o consumo da carne vermelha como “provavelmente carcinogênico”. Já a carne processada e os embutidos (salame, presunto, salsicha, linguiça, peito de peru, toucinho, carne curada, paio etc.) estão classificados como carcinogênicos. Recomenda-se o consumo máximo de 300 g por semana de carne vermelha, e consumo esporádico ou não habitual dos embutidos e processados.

Não utilize suplementos para a prevenção e tratamento do câncer sem orientação de profissional especializado. Quando necessário, o uso de suplementos, vitaminas, minerais, fitoterápicos, remédios naturais e chás deve ser prescrito por profissional da oncologia especializado que avaliará se existe interferência no tratamento. Essas interferências podem reduzir a eficácia do tratamento oncológico e causar danos graves ao metabolismo.

Para as mães: amamentem seus bebês

Dietas restritivas e/ou alternativas

Não existe recomendação de dietas alternativas: não existe dieta que cure o câncer. A dieta recomendada está baseada na variedade de alimentos e nutrientes, portanto não é indicado realizar dietas restritivas ou milagrosas que podem resultar em carências nutricionais.

Dra. Gisele Vieira é nutricionista oncológica do Instituto Ana Baccarin - Oncologia e Qualidade de Vida. Mestre em Ciências da Saúde na área de Oncologia. Especialista em Terapia Nutricional, Fitoterapeuta e Docente.

Referências

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Horie LM, Barrére APN, Castro MG, et al. Diretriz BRASPEN de terapia nutricional no paciente com câncer. BRASPEN J. 2019;34(Supl. 1):2-32.
World Cancer Research Fund (WCRF)/American Institute for Cancer Research. Diet, Nutrition, Physical Activity and Cancer: a Global Perspective. Londres: WCRF, 2018.
Fraser GE, Jaceldo-Siegl K, Orlich M, Mashchak A, Sirirat R, Knutsen S. Dairy, soy, and risk of breast cancer: those confounded milks. Int J Epidemiol. 2020 Feb 25:dyaa007. Epub ahead of print.
World Health Organization (WHO). International Agency for Research on Cancer (Iarc). Monographs evaluate consumption of red meat and processed meat [internet]. Lyon, França, 26 October 2015. Acesso em: 2020 jun. Disponível em: https://www.iarc.fr/wp-content/uploads/2018/07/pr240_E.pdf.
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Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). Posicionamento do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva acerca da orientação de dietas restritivas durante o tratamento oncológico [internet]. Rio de Janeiro: Inca, 2019b. Acesso em: 2020 jun. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//posicionamento_acerca_de_dietas_restritivas.pdf.

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