Câncer de mama e depressão: vença esse desafio
Quadros depressivos e outros transtornos de humor podem refletir na menor aderência ao tratamento, pior evolução clínica e má qualidade de vida

Quando recebem o diagnóstico de câncer de mama muitas mulheres enfrentam conflitos pessoais. Algumas se sentem injustiçadas, ansiosas ou irritadas, outras sentem muito medo e angústia pela notícia recebida e pelo tratamento, já outras apresentam dificuldade na aceitação da doença. Fato é que a mulher com câncer de mama passa por diversos estágios na elaboração do trauma. Sentimentos de tristeza e pesar são os mais comuns ao conviver com o diagnóstico de câncer de mama. Sonhos, planos e o futuro podem parecer incertos. Mas se uma pessoa está triste há muito tempo ou está tendo problemas para realizar as atividades do dia a dia isso pode ser depressão.

Mulheres com câncer de mama têm de 10% a 25% de chance de desenvolver a depressão, principalmente as mais jovens e aquelas submetidas a quimioterapia e isso impacta na maneira como a paciente lida com o tratamento. A depressão pode ser leve e temporária ou mais grave, ficando difícil para a paciente fazer suas tarefas diárias e seguir o tratamento. Isso acontece em cerca de 1 em cada 4 pessoas com câncer. Mulheres que já tiveram depressão são mais propensas a terem depressão após o diagnóstico de câncer.

Atenção aos sintomas
Mas como saber se o que se sente é tristeza ou depressão. Muitas vezes a própria paciente não consegue perceber seu estado, principalmente porque muitos sintomas se cofundem com os sintomas da doença e do tratamento. Por isso é tão importante compartilhar como se sente com a família e amigos mais próximos.

Fique atenta aos sintomas abaixo:

Tristeza contínua, falta de esperança ou sentimento de “vazio” quase todos os dias durante a maior parte do dia;

Perda de interesse ou prazer em atividades que antes eram apreciadas;

Alterações do sono: dormir demais, dificuldade em dormir ou acordar cedo;

Cansaço extremo ou menos energia quase todos os dias;

Outras pessoas percebem que você está inquieto ou “desacelerado” quase todos os dias;

Sentimentos de culpa, inutilidade e desamparo;

Problemas para se concentrar, lembrar ou tomar decisões;

Pensamentos frequentes de morte ou suicídio, ou tentativas de suicídio;

Grandes mudanças de humor; de depressão a períodos de agitação e alta energia.

Como sair dessa?

Procurando um especialista. Psiquiatra ou oncopsiquiatria são profissionais preparados para atender as demandas psíquicas da paciente com câncer. A medicação antidepressiva é fundamental nesta fase, pois melhora a qualidade de vida e o olhar para a melhora do prognóstico, com maior adesão ao tratamento, às medidas nutricionais e atividades físicas ou psicossociais necessárias a uma recuperação plena. Mas atenção: não se automedique. Só um especialista pode tratar do seu caso. A automedicação pode trazer interações medicamentosas graves durante o tratamento de câncer de mama.
Nesta fase também pode ser importante buscar ajuda em grupos de apoio, muito oferecidos em associações de pacientes voltadas à paciente com câncer de mama como Oncoguia, Femmama, Américas Amigas.

Dicas finais para você pensar todos os dias:

1. Celebre as pequenas coisas

Concentrar-se em aspectos positivos pode ajudar a melhorar seu humor e quebrar hábitos de pensamentos negativos. Tente anotar algumas coisas positivas no final de cada dia. Pense em coisas que aconteceram, algo que você pode ter feito ou um elogio que tenha recebido.

2. Crie um desafio para si mesmo

Talvez você queira voltar a um hobby que costumava gostar ou aprender algo novo. Faça um plano viável e defina um prazo realista. Uma vez que você conseguiu, parabenize-se e permita que outros o parabenizem também.

3. Seja mais consciente

Podemos facilmente ficar presos em nossos pensamentos e acreditar que eles são fatos. Mas, na realidade, os pensamentos são apenas pensamentos e não são necessariamente verdadeiros. Quando você notar pensamentos inúteis como 'eu sou um lixo' ou 'eu deveria ser capaz de lidar' diga para você mesma: 'lá se vai aquele crítico interior novamente'. Técnicas como essas podem nos ajudar a levar nossos pensamentos menos a sério.

4. Seja compassivo consigo mesmo

Entenda quando está lutando e não se puna por isso. Fique atenta a esse crítico interior e, quando perceber, pergunte a si mesmo: 'O que eu diria a um amigo?'

5. Cuide de você

Alimente-se bem e exercite-se regularmente. Melhorar o bem-estar físico também pode melhorar o seu bem-estar emocional. O exercício pode dar um impulso de energia e humor.

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